Semiconfinamento dos bovinos de corte: um panorama geral

O semiconfinamento de bovinos de corte é uma estratégia para potencializar a fase final de engorda à pasto. Representando um meio-termo entre o confinamento e a suplementação, essa abordagem ganha destaque pela sua menor demanda por infraestrutura em comparação ao primeiro e pelos resultados zootécnicos superiores em relação ao segundo.

Proporciona ao produtor uma flexibilidade na decisão de adotá-lo ou não, visto que a maior parte dos custos está relacionada à aquisição de concentrados, sem a necessidade de investimentos adicionais na produção de forragem volumosa, exceto pela gestão do pasto.

 

Disponibilidade de massa de foragem

 

No semiconfinamento, o pasto desempenha o papel do volumoso presente no confinamento, tornando crucial que esteja abundantemente disponível para os animais. Contudo, por ser implementado durante a estação seca, quando o crescimento forrageiro é limitado, torna-se essencial acumular forragem previamente,
através do diferimento da pastagem.

 

Farmer’s hands holding freshly harvested silage corn maize

 

No modelo tradicional de semiconfinamento, o diferimento da pastagem deve permitir o acúmulo de massa forrageira entre 3 e 5 toneladas de matéria seca por
hectare. Com esse montante, o período de semiconfinamento geralmente se estende por cerca de 60 a 90 dias, considerando o consumo dos animais e o limitado crescimento forrageiro que resulta na perda de folhas e valor nutritivo da pastagem ao longo do tempo.

Recomenda-se uma lotação inicial entre 1 e 2 Unidades Animal por hectare. Se a necessidade de semiconfinamento persistir por mais tempo, é sugerido, ao final do primeiro período de 60 dias, realocar os animais para outra área de pastagem, também diferida.

O diferimento por períodos mais longos e o uso de adubação nitrogenada podem aumentar significativamente a quantidade de massa forrageira acumulada, chegando até 8 toneladas de matéria seca por hectare. Nessas circunstâncias, relata-se uma prolongada permanência dos animais em semiconfinamento,
permitindo a terminação de animais mais leves (por exemplo: 360 kg) ou com peso ao abate mais elevado (por exemplo: acima de 540 kg).

 

Características dos animais terminados em semiconfinamento

 

Devido à limitação de tempo no semiconfinamento, onde o pasto é utilizado como fonte de volumoso de forma limitada, é recomendado que os animais
submetidos a este regime estejam próximos do ponto de abate.

 

 

Por exemplo, se o ganho de peso diário esperado é de 1 kg/dia e o peso almejado ao abate é de 520 kg, o animal deve iniciar o semiconfinamento com 400 kg,
seguindo-se a recomendação de 60 dias. Novilhas e vacas com peso em torno de 320 kg também podem ser terminadas em semiconfinamento com alguma
facilidade, já que necessitam de cerca de 50 a 70 kg para atingirem peso e acabamento adequado.

 

Níveis de suplementação

 

Para o sistema de semiconfinamento, é comum encontrar uma variedade de níveis de fornecimento de concentrados, geralmente oscilando entre 0,7% e 2% do
peso vivo (PV) do animal. O desempenho dos animais, a capacidade de acabamento de carcaça e os custos de produção tendem a estar correlacionados aos
níveis de fornecimento de ração, tornando necessário que produtores e técnicos realizem cálculos para determinar o nível mais adequado a ser utilizado.

 

 

Da mesma forma que no confinamento, em momentos de preços baixos de concentrados, há uma inclinação para o uso de níveis mais elevados. Quando viável, é
recomendável buscar alternativas de alimentos de baixo custo, como coprodutos e resíduos da agroindústria, sempre considerando o custo de transporte da
matéria seca, a presença de contaminantes e os limites de inclusão na dieta.

 

Estrutura e manejo de alimentação

 

A estrutura necessária para o semiconfinamento é mais simples do que a exigida para o confinamento, sendo fundamental garantir a disponibilidade adequada de
cochos. Recomenda-se:

 

  • 40 a 60 cm lineares por animal;
  • Cochos elevados a uma altura de 70 cm do chão e fixados em uma base sólida;
  • Espaçamento de 3 metros entre os módulos de cocho, com cada módulo medindo 4 metros.

 

Alternativas de baixo custo e eficientes para os cochos de semiconfinamento incluem o uso de tambores plásticos cortados ao meio e adaptações de bags de 1
tonelada utilizados para adubos e grãos. Além disso, é importante considerar:

 

  • Formação de lotes homogêneos em relação à idade, sexo e peso dos animais;
  • Separação de animais: taurinos e zebuínos;
  • Priorização de pastagens de boa qualidade, uma vez que o desempenho está diretamente relacionado à forragem que o animal consome.