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Água para bovinos: tudo o que você precisa saber

A água é o nutriente mais importante para o gado, representando de 60 a 70% do peso vivo. Para o estabelecimento de uma produção pecuária competitiva, fornecer água em quantidade e qualidade adequada aos animais é fundamental, tanto para a manutenção da saúde e desempenho dos bovinos, quanto para a sustentabilidade da cadeia.

 

Garantir o abastecimento de água de qualidade, e, ao mesmo tempo, evitar desperdícios, possibilitando o uso racional deste recurso natural é um desafio cada vez maior nos sistemas urbanos e rurais. Na atividade pecuária, seja ela de corte ou leiteira, a quantidade e a qualidade da água são indispensáveis para suprir as necessidades de consumo dos animais.

 

Fatores que afetam o consumo de água

 

O consumo de água pelos animais varia em função de fatores intrínsecos, ou seja, relativos aos animais, e extrínsecos ou externos. Dentre estes fatores podemos citar: temperatura e umidade do ar, temperatura da água, produção de leite, período de gestação, intensidade de atividade física, taxa de crescimento, massa corporal, raça, tipo de dieta, ingestão de sal e quantidade de matéria seca ingerida.

 

Diferenças sazonais na ingestão de água são comuns, pois são fortemente influenciadas pela temperatura e umidade relativa do ar. Fornecer sombra, principalmente no verão, pode reduzir a ingestão de água.

 

Para se ter uma ideia da influência da temperatura do ambiente na ingestão de água, um aumento da temperatura ambiente de 10°C para 32°C pode aumentar o requerimento de ingestão diária de água dos bovinos em até duas vezes e meia.

 

Além da temperatura ambiente, a temperatura da água também afeta o consumo, pois os animais preferem ingerir água fresca. O aquecimento da água pode fazer, inclusive, com que os animais não ingiram a quantidade suficiente para manter os padrões de produção . 

 

Animais mantidos a pasto, ingerindo alimentos com baixo teor de matéria seca, têm suas demandas diárias de ingestão hídrica reduzidas, quando comparados com bovinos que recebem dietas com altos teores de alimentos concentrados (teor de matéria seca 3 a 4 vezes maior do que as forrageiras), e/ ou cuja alimentação é baseada em forragens conservadas.

 

Dietas que incluem alimentos concentrados geralmente apresentam altos níveis de proteínas e sais minerais compostos, que elevam os requisitos de ingestão de água pelo bovino. 

 

Frequentemente, a ingestão de água pelos bovinos se dá em picos no final da manhã e durante os períodos mais quentes do dia, sendo que em algumas oportunidades um animal pode ingerir em duas horas quase 50% do volume diário estimado. O rebanho tende a pastejar durante a manhã e fim da tarde, depois busca água e, finalmente, procura sombra ou pasteja de forma menos intensa durante as horas mais quentes da tarde.

 

Os bovinos, principalmente os bezerros recém-desmamados, também são sensíveis ao sabor e ao odor da água, e podem não beber água suja ou contaminada (menos palatável). Há trabalhos que relatam um ganho de peso de até 9% maior em bezerros que ingeriram água de boa qualidade, quando comparados a animais que recebiam águas de lagoas . Consumo reduzido de água pode ser sinal de estresse.

 

Animais recém alocados no piquete podem recusar a água devido à falta de familiaridade com as fontes, diferença de palatabilidade ou mesmo hierarquia do rebanho. A ingestão de água pelos novos animais deve ser monitorada cuidadosamente, a fim de garantir que eles já tenham identificado a fonte e que já estejam consumindo água.

 

Para os animais jovens deve-se certificar de que a fonte esteja na altura adequada ou que o acesso à mesma seja viável.

 

Fontes de água

 

Para manter o desempenho zootécnico ideal, os animais precisam de acesso a fontes de água limpa em quantidade suficiente para suprir suas necessidades, preferencialmente sem que seja necessário se deslocar por muito tempo ou por longas distâncias.

 

Diferentes fontes podem ser acessadas pelos animais, desde que a água seja de qualidade e esteja dentro de normas ambientais e de segurança alimentar. A qualidade é particularmente relevante na produção leiteira, pois a contaminação da água pode afetar diretamente não só a saúde dos animais, mas também a qualidade dos produtos de origem animal.

 

A água fornecida para o gado pode ter diversas origens, como lagoas, açudes, rios, riachos, poços, nascentes, ou pode ser fornecida pela rede municipal (pouco comum). Se os animais ingerem água direto no reservatório principal da propriedade, o acesso às fontes de água pode contaminar o fornecimento de toda a propriedade. Sempre que possível, o acesso dos animais a estes reservatórios deve ser evitado, inclusive com a instalação de cercas.

 

Fornecimento de água aos animais

 

Talvez o aspecto mais importante para o fornecimento de quantidade adequada de água aos animais, sem que haja perdas, seja o planejamento tanto para o dimensionamento quanto para o posicionamento dos bebedouros ou outras fontes de água.

 

O primeiro fator a ser considerado é o dimensionamento das fontes de água, que está diretamente ligado ao número de unidades animais (UA) a serem mantidas na área. Em áreas muito grandes ou terrenos acidentados o número de bebedouros deve ser maior.

 

Para um cálculo simples de dimensionamento de bebedouros, deve-se utilizar um comprimento mínimo de quatro centímetros lineares/UA. Deve-se também determinar o número de animais a serem mantidos na área, a fim de estimar o consumo diário de água total tanto para o dimensionamento dos reservatórios quanto da vazão mínima de água. 

 

Além desses detalhes, aspectos como aspectos físicos-químicos e biológicos também podem interferir diretamente no consumo da água pelos bovinos. 

 

Fonte: Embrapa